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Como nasceu e como evoluiu a Música

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safirazul
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Como nasceu e como evoluiu a Música

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Mensagem por safirazul »

O Nascimento da Música :

Provavelmente, os povos inventaram instrumentos de música muito antes da idade de fazer música.

Os nossos antepassados longínquos tinham de lutar para viver num mundo hostil e selvagem, onde factos insólitos e terríficos pareciam depender da magia. Era apenas ao conservarem um poder mágico mais poderoso que podiam esperar precaver-se das calamidades.

Aquele que, com um instrumento, produzisse ruídos evocando o gemido de um espírito, o de uma fera, o grito de uma ave, ou mesmo ainda que não sugerisse nada de terreno, possuía, julgava-se, um poder mágico. Assim, ao falar para uma grande concha marinha, a voz dava uma sonoridade rouca e misteriosa e, ainda mais estranha se, se lhe assobiasse para o interior. Uma cana oca produzia um canto obsidiante ou um uivo selvagem; se um caçador colocasse entre os lábios afastados a corda do seu arco, ampliava-lhe a ressonância.

As primeiras civilizações :

O primeiro testemunho de uma actividade musical é nos dado pelas civilizações primitivas, que se desenvolveram a partir das primeiras colónias agrícolas.

Com o tempo, os povos primitivos compreenderam que beneficiavam mais se guardassem rebanhos do que se caçassem os animais. Abandonaram as suas cavernas para construir cabanas e aldeias; cultivaram as terras para delas tirarem a sua alimentação e a dos animais. As aldeias transformaram-se em cidades e assim nasceram as civilizações.

Quando os povos aprenderam novos ofícios, os seus problemas de subsistência modificaram-se. A música reflectiu então preocupações diferentes. Na origem arte encantatória, ela foi utilizada como meio para comunicar com os espíritos, para domesticar os animais, para obter a chuva ou o bom tempo, favorecer as culturas.

Actualmente, o Tigre e o Eufrates atravessam um país seco e pedregoso, o Iraque. Mas, há 6000 anos, a Mesopotâmia era muito fértil: não era pois necessário que toda a gente cultivasse a terra e criasse gado.

Alguns habitantes tornaram-se por isso artesãos: fabricavam ferramentas, ornamentos, armas; outros tornaram-se chefes ou legisladores, soldados, padres, outros ainda músicos.

Nos templos das grandes cidades, os padres esforçavam-se por agradar às terríveis divindades da fome, do fogo, das inundações. A música representava um papel importante nos ritos. Cada divindade possuía, pensava-se, o seu instrumento favorito: flauta de bico, oboé, harpa ou tambor em forma de taça.

A primeira civilização egípcia assemelhava-se à da Mesopotâmia. Os historiadores não sabem praticamente nada do tipo da sua música favorita, apenas que era calma, lenta e compassada. Nas pinturas há dançarinos e músicos em atitudes serenas e graciosas, tocando flauta e harpa, instrumentos muitas vezes associados à paz e à meditação. Todavia, a forma de harpa evoca o arco do caçador.

Nos campos e nas vinhas batiam-se pauzinhos lisos para afastar as aves e outros animais nocivos. Quando imploravam aos deuses, os Egípcios serviam-se destes pauzinhos para obter um ritmo de dança. Numa outra cerimónia, uma sacerdotisa levava um sistro (anéis metálicos fixos num quadro em forma de Y) como símbolo do poder divino. Outros músicos tocavam “clarinete duplo”.

Quando outras civilizações evoluíram, houve lugar a trocas comerciais. Muitas vezes os músicos viajavam com os comerciantes: e assim a música se expandiu de uma região para outra. Quando um país era invadido, os estilos musicais dos vencedores e dos vencidos influenciavam-se.

O mais frequente era a música dos conquistadores substituir ou alterar a do país ocupado. No entanto, quando os exércitos egípcios conquistaram uma parte da Ásia e, principalmente, o que corresponde hoje ao mundo árabe, a música egípcia viu-se submersa por sons novos e sedutores. As dançarinas rodopiavam ao som dos tambores e dos címbalos, dos oboés selvagens e das flautas penetrantes, das harpas e dos alaúdes apaixonados.


À descoberta do passado :

O nosso conhecimento da vida musical das civilizações antigas, devemo-lo essencialmente às descobertas arqueológicas, tal como algumas pinturas descobertas. As cenas encontradas, representavam a filha de uma família romana rica aprendendo a tocar cítara, informa-nos sobre o papel social da música na Roma antiga e sobre o próprio instrumento. Os mitos e as lendas fornecem-nos outros indícios, embora os historiadores da pré-história possam ir muito longe no tempo estudando rochas e fósseis para construir um quadro do modo de vida dos primeiros Homens.

Mais recentemente, contas deixadas por famílias ricas dizem-nos onde e porquê vários músicos eram contratados. Poetas e músicos transmitiram-nos as suas impressões sobre a música que eles conheciam; os próprios músicos foram sempre muito populares, tal como os pintores e os escultores.

É necessário aguardar pela Idade Média para encontrar uma música escrita, que hoje conseguimos decifrar. Mas a linguagem dos músicos do século XX, ou notação, foi inventada há apenas 300 anos.

Para ler a música mais antiga, é necessário utilizar métodos de um verdadeiro detective histórico.

Com efeito, a linguagem musical, tal como a linguagem corrente. Mudou muito. No século XVI, Pierre de Ronsard escreveu: «Vivei, se acreditares em mim, não espereis por amanhã…»; o sentido é relativamente claro.

Cerca de 250 anos antes, um poeta da Idade Média, Rutebeuf escrevia: «Sire, não sei onde ir.» Os historiadores da música vêem-se confrontados com problemas deste género, quando traduzem a notação da Idade Média.

Esta música de outrora, tão útil para se conhecer o passado, foi composta por eruditos da Idade Média.

A música popular transmitia-se oralmente.


Monges e menestréis :

Cerca do século VII apareceu na Europa Ocidental um estilo de música especial.

Os primeiros testemunhos provêm das igrejas e dos mosteiros da Idade Média. Estamos (nós Músicos) pouco informados sobre a música profana deste período, pois os músicos transmitiam-na oralmente. Mas os monges aprenderam a transcrever a sua música graças a um sistema de notação que ainda é utilizado nos nossos dias. Podemos assim descobrir como soava a música religiosa da Idade Média.

A história da música ocidental começa com os primeiros cristãos que vivem no Próximo Oriente. Uma parte importante da sua doutrina difundia a «boa nova» e, da Palestina, o cristianismo difundiu-se pelo Império Romano do Oriente e do Ocidente, bem como pelas regiões situadas a leste da bacia mediterrânica.

Aquando do declínio do Império Romano, cerca dos séculos III e IV, os seus exércitos retiraram para a Itália: foi o começo da Alta Idade Média. Este período durou vários séculos, e caberá aos missionários cristãos a tarefa de levar a “luz” à Europa Ocidental. Viajando muitas vezes sós, estes monges visitaram as regiões mais afastadas da Europa do Ocidente, pregando na Inglaterra, na França e nos países escandinavos. Por toda a parte por onde passavam, ensinavam às pessoas os seus hinos e salmos.

A Alta Idade Média foi um período em que a religião representou um papel importante e influenciou toda a sociedade, tanto os nobres como os camponeses. O melhor era estar-se de boas relações com os padres locais, julgavam-se, mesmo que isso significasse o Ter de ir à igreja várias vezes por dia. Os conselheiros espirituais dos reis e dos nobres possuíam uma grande autoridade e, com a expansão do cristianismo, o poder dos padres aumentou. Nas abadias e nas catedrais, o saber e a arte floresceram com a oração.


A Música Religiosa :

A música de igreja limitava-se principalmente a um cântico simples, sem acompanhamento, chamado cantochão. Na igreja, utilizavam-se de tempos a tempos os orgãos, mas os outros instrumentos eram proibidos.

A missa representava a parte mais importante do culto católico. Na Idade Média, os fiéis tomavam uma parte menos activa nos cânticos e no texto deste ofício, limitando-se a sua contribuição a alguns «ámens», enquanto a maior parte dos cânticos era executada por coros de chantres, monges e noviços.

Os jovens chantres eram monges noviços, que viviam nos mosteiros. Além dos seus estudos e das tarefas domésticas, tinham de cantar oito ofícios por dia, o primeiro muito antes do nascer do dia, e o último ao cair da noite.


A Música Escrita :

A quantidade de música que os jovens chantres tinham de aprender era espantosa. O cantochão era adaptado à solenidade do dia, para comemorar um santo ou celebrar uma festa religiosa.

Para se fixar melhor a música, colocavam-se acima das sílabas do texto latino a cantar sinais chamados “neumas”. Todavia, se bem que ajudassem os chantres e lembrar-se do andamento da melodia, não tinham qualquer utilidade para aprender um cântico.


Menestréis itinerantes :

Os cânticos piedosos dos monges não eram o único tipo de música da Idade Média. For a das igrejas executavam-se danças folclóricas que variavam de uma região para outra, e até de uma aldeia para outra. Este tipo de música pouco mudou no decurso dos séculos.

No século XI, a maior parte da Europa era constituída por reinos governados por soberanos e nobres.

Os mercadores e os artesãos formavam a classe média, à qual pertenciam também os saltimbancos ou poetas-músicos. Estes eram menestréis errantes que percorriam o país à procura de um fidalgo disposto a pagar os seus serviços.

Um saltimbanco com sorte juntava-se ao séquito de um nobre rico e acompanhava-o nas suas deslocações. Tocava instrumentos variados e possuía múltiplos talentos: podia ser cantor, truão, acrobata e mesmo apresentador de animais amestrados.

Blondel de Nesle era o poeta-músico do rei Ricardo Coração de Leão, que foi preso ao regressar de uma cruzada. Segundo a lenda, Blondel percorria os castelos da Europa quando, um dia, ouviu o rei cantar uma romança de sua composição. Tendo reencontrado o seu senhor, Blondel libertou-o e levou-o para Inglaterra.

Não é de admirar que Ricardo Coração de Leão fosse poetam compositor e actor, visto que estes talentos significavam uma educação esmerada. Os poetas-músicos de nascimento nobre eram chamados trovadores ou troveiros.

As qualidades cavalheirescas, a honra, a bravura e a cortesia figuravam em primeiro lugar nos poemas dos trovadores, em particular quando exaltavam o amor. Aos olhos do apaixonado cortês, a sua dama era pura e de alguma forma inacessível. Para ser digno dela, ele devia provar-lhe a sua dedicação por actos corajosos. Com efeito, pouca diferença havia entre as canções de amor dos trovadores e os hinos à Virgem. Por vezes o texto sagrado era apenas substituído por um poema cortês.

Embora a música profana anterior ao século XII se tenha em grande parte perdido, por sua vez os documentos históricos são numerosos. Os poemas e a música dos trovadores têm sido transcritos em grande parte em linguagem musical moderna e ainda hoje podem ser executados.


Os instrumentos da Idade Média :

O uso dos instrumentos da música de igreja generalizou-se ao longo de toda a Idade Média.

Entre os instrumentos mais em voga figuravam a cornamusa e a sanfona de roda, instrumento de cordas enceradas produzindo um com semelhantes ao das cornamusas: a sua caixa assemelha-se à de uma viola, com uma manivela numa das extremidades, e as cordas esticadas sobre a roda. Com uma mão, o tocador accionava a manivela e a roda ao girar fazia vibrar as cordas, tal como o arco de uma rabeca; com a outra mão, firmava os pontos da escala contra as cordas para tocar a melodia.

Um tipo de órgão que havia sido utilizado no rito judaico muito tempo antes de Jesus Cristo viu o seu emprego generalizado com a expansão do cristianismo. No século XIII, certas catedrais possuíam alguns deles enormes, de tal forma incómodos que necessitavam do concurso de vários organistas. Os mecanismos eram tão pesados que se tornava difícil accionar as enormes teclas a não ser com o punho. Da mesma forma, eram necessários numerosos ajudantes para fazer funcionar os foles e bombear o ar; o som produzido evocava o trovão. Órgãos de pequenas dimensões, ditos “portáteis”, cujo som lembrava a flauta de bico, eram utilizados tanto na música religiosa como na profana. Com a mão direita tocava-se num pequeno teclado e com a esquerda accionava-se um fole.

Entre as numerosas flautas espelhadas pela Europa medieval, a flauta de bico era a mais elaborada. Havia também a «gaboulet», uma espécie de flauta direita de três buracos com um expansão quase tão importante. O tocador segurava-a com uma mão e podia assim acompanhar-se com um tabor (uma espécie de tambor). Os tambores utilizavam-se nas cerimónias, associados a trombetas de metal, chifre de animal ou madeira. Se bem que limitada a duas ou três notas, só a flauta pastoril (um antepassado do oboé moderno) podia rivalizar em volume com eles.

Os instrumentos de cordas eram numerosos. Pequenas harpas, liras, o alaúde de corpo arredondado e o saltério eram tocados com os dedos, enquanto dois pauzinhos batiam nas cordas do dulcimer. A trompete marinha, de timbre irreal e brilhante, era talvez o mais insólito dos instrumentos de arco, e a rabeca o mais vulgar.


As escolas de Música :

Na Idade Média, toda a pessoa desejosa de se cultivar, ou que quisesse apenas aprender a ler, devia dirigir-se a um padre.

Professores importantes agrupavam-se muitas vezes nas catedrais ou no interior dos grandes mosteiros. Em particular, a Escola de Notre-Dame de Paris representou um papel decisivo no desenvolvimento das ideias musicais.


Inovações :

O cantochão dos primeiros cristãos caracterizava um cântico a uma só voz que seguia o ritmo do texto. Qualquer acompanhamento instrumental limitava-se a copiar ou ornamentar ligeiramente a melodia, de forma que uma só nota tocava ao mesmo tempo.

Na Idade Média, a música ocidental utilizou a harmonia: duas notas, ou mais, tocam simultaneamente. É este desenvolvimento da harmonia que faz a singularidade da música ocidental.

A harmonia mais simples era a praticada desde há milhares de anos no Médio Oriente e que foi largamente difundida na Idade Média: uma nota contínua e fixa, chamada bordão, acompanha no baixo a melodia, que sobe e desce.

A harmonia só se desenvolverá realmente cerca do século IX com a difusão de uma técnica musical chamada organum. Sob a forma mais simples, um coro de igreja dividia-se em duas partes. As vozes de baixo seguiam as vozes de cima, sempre com a quarta ou quinta (quatro ou cinco notas) de intervalo.

Mais tarde ainda, as duas partes podiam aproximar-se ou afastar-se mantendo-se a uma quarta, uma quinta ou uma oitava (oito notas) de intervalo.

A partir do século XIII aparece uma nova forma de música, a polifonia: cada parte possui a sua melodia, o seu ritmo, até o seu texto próprio. Quando todas as partes se fazem ouvir simultaneamente, elas fundem-se para formar um todo musical. Este primeiro tipo de composição polifonia é conhecido pelo nome de motete; se bem que utilizasse textos derivados do cantochão, o motete oferecia aos compositores uma maior liberdade de criação. No final da Idade Média, a música tanto profana como sacra utilizava estas novas técnicas.

Os motetes eram mais complicados para que o ouvido pudesse retê-los e por isso os coristas tinham necessidade de um sistema de notação mais elaborado. As antigas neumas, já ultrapassadas, davam demasiado lugar ao acaso.

No século XI, um monge italiano, Guido de Arezzo, apercebeu-se de que os seus pequenos chantres aprendiam as suas partes mais facilmente se as notas fossem colocadas sobre ou entre as linhas horizontais, a que se chama hoje pauta de música.


A Renascença :

A idade de ouro que se seguiu à Idade Média foi a das grandes descobertas e do crescimento económico em toda a Europa Ocidental; as ideias e as novas atitudes afectavam todos os domínios da vida. Progressos técnicos importantes conduziam às primeiras grandes travessias marítimas, e teve-se a surpresa de se descobrir que Terra era redonda e não plana. Conquistaram-se novos territórios e a tentativa para encontrar uma via comercial entre a Ásia e o Ocidente deu origem à descoberta da América e da costa oeste da África.

Este desenvolvimento da ciência, das viagens e da política foi felizmente acompanhado por um impulso da artes e do saber. A «renascença» do saber, que deu o seu nome a este período, correspondeu à redescoberta da literatura e da filosofia da Grécia Antiga. Ao tratar a música como um ramo da ciência, os Gregos serviram-se da matemática para medir e organizar as notas e ritmos. Começando pela França e pela Itália no século XVI, os compositores da Renascença introduziram o sistema grego de notação musical.

Enquanto os eruditos da Idade Média pediam inspiração ao céu, os da Renascença olhavam para a vida das pessoas vulgares e para o mundo que os cercava. Assim, para os compositores e poetas, as antigas virtudes cavalheirescas de honra e de franqueza humanas. Se, se escutar uma gravação de uma canção de amor do século XIII e se a compararmos com uma outra escrita nos séculos XV ou XVI, a diferença é enorme. O texto e a música falam mais do mundo terrestre do que no último período.

Para exprimir em música as suas emoções, os músicos tinham necessidade de desenvolver novas técnicas de composição. Para isso era necessário que os instrumentos se modernizassem, o que levou a outras invenções .


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